terça-feira, 3 de maio de 2011
Além do Olhar
“O olho mede a distância e o tamanho das estrelas; encontra os elementos e suas localizações; ele... deu origem à arquitetura, a perspectiva, e a divina arte da pintura.... Que povos, que línguas poderão descrever completamente sua função? O olho é a janela do corpo humano pela qual ele abre os caminhos e se deleita com as mazelas e a beleza do mundo”, já dizia Leonardo da Vinci. Pois, o olhar é de fundamental importância na percepção, claro com uma boa dose de literatura, enxergarmos a realidade e algumas pessoas são capazes de observar no olho do outro o que muitas vezes não está explicito.
Os artistas e os poetas ampliam o campo da percepção além do olhar embrutecido pela vida cotidiana e acrescentam experiências além daquelas a que o homem comum não está habituado a exercitar, com este olhar é que o fotógrafo Sebastião Salgado transmitiu sua mensagem através do documentário “Espectro da Esperança”, produzido pela GNT, BBC e HBO, mostrando a dor e o amor, ou a dor e a esperança das pessoas, conforme foi registrado em suas fotos nos diversos países onde o fotógrafo passou, mostrando o sofrimento do povo numa contradição de uma sociedade chamada “evoluída”.
O documentário impressiona e ao mesmo tempo mostra através do olhar obscuro, o que muitas vezes está escondido no inconsciente de cada um. O trabalho de Sebastião mostrou além do olhar de cada criança fotografada, o desejo enorme de viver e ao mesmo tempo, a fragilidade de quem não tem o que comer, onde dormir, e não sabem por que se encontram naquela situação.
Os adultos estão com as mentes arrasadas, a matéria definhando, as forças enfraquecidas pela falta do alimento de cada dia, parecem sem esperanças, aguardando o que para a vida é o fim e para eles o começo de outra, onde, talvez não tenham certeza.
Está além do olhar os sonhos e os sentimentos daquele povo, que ao observá-los tentamos interpretar os seus pensamentos. Paulo Sérgio Duarte, coordenador geral de estudos culturais da Universidade Candido Mendes, afirma que “o olhar humano nunca foi o receptor passivo da natureza e da cena social em que se encontra” e Sebastião Salgado com os olhos ampliados pelas lentes de sua maquina fotográfica, nos mostra o que é real, está em nosso alcance e não enxergamos a gravidade do problema da miséria e da fome, fruto das guerras e da luta pelo poder.
"Não vemos nosso olho, podemos ver a semelhança de nosso olho no espelho..." Giordano Bruno
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