quarta-feira, 15 de abril de 2015

PÁSCOA: A vida supera a morte


Edmilson Brito
Jornalista da Arquidiocese de Aracaju
e Professo na Ordem Franciscana Secular, OFS

A Páscoa suplanta o homem velho para nascer o homem novo


Em toda Quaresma, vivemos intensamente um período de oração, reflexão e penitência, culminando com a Semana Santa. Tempo propício para a renovação do nosso modo de viver, pois não é possível, há não ser que não viva a magnitude deste período, passar por ele sem penetrar no infinito amor de Jesus que morre por nós, mas com toda plenitude do amor do Pai ressuscita glorioso e nos dá a esperança da vida eterna.

Os quarenta dias de Quaresma servem para preparar o coração e a mente no sentido de que compreendamos melhor o quanto Jesus sofreu pela humanidade, mas, acima de tudo, venceu a morte e, com a sua ressurreição, nos deu novo período que chamamos de Páscoa.

Assim, a Páscoa é a grande virada, que nos dá a certeza de que a vida não se encerra com a morte, mas, muitas vezes, mesmo estando vivos parecemos mortos para acolhermos a nova mensagem de Jesus, de amor, de fraternidade, de mudança de atitude. Até nas pequenas coisas, a Páscoa tem que nos levar a uma nova realidade no modo de agir.

O papa Francisco, em uma das pregações, na páscoa de 2013, baseado no livro de Santo Irineu de Lião, Adversus Haereses, afirma que a Páscoa é o êxodo, a passagem do homem da escravidão do pecado, do mal, à liberdade do amor, do bem. Porque Deus é vida, somente vida, e a sua glória somos nós: o homem vivo.

Na mesma mensagem o Papa nos faz um convite para que nos tornemos esse homem novo: “Acolhamos a graça da Ressurreição de Cristo! Deixemo-nos renovar pela misericórdia de Deus, deixemo-nos amar por Jesus, deixemos que a força do seu amor transforme também a nossa vida, tornando-nos instrumentos desta misericórdia, canais através dos quais Deus possa irrigar a terra, guardar a criação inteira e fazer florir a justiça e a paz”.

Jesus Ressuscitado é a força que nos alimenta para construirmos uma passagem da vida velha – sentido de passada – para a vida nova – no presente – acolhendo o amor ao invés do ódio, o perdão e não a vingança, a paz ao invés de plantar a guerra. Cristo é nossa paz e com Ele e por Ele sejamos promotores dessa nova ordem de fraternidade.

O próprio Jesus se fez sinal da mudança de atitude que temos que ter para com o outro, quando lavou os pés dos apóstolos: “Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou. Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também” (João 13:13-15).

Como mestre, Jesus não espera dos outros as atitudes de acolhimento; Ele mesmo acolhe, da o exemplo, lava os pés dos discípulos e ordena que eles também façam. Sinal de que temos que fazer o mesmo com quem está a nossa volta, além de nos impulsionar à missão.

Com a Ressurreição, ainda entre os seus, quando Jesus aparece aos apóstolos e deseja a paz Ele transfere uma missão: “Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês”(Jo 20,21), deixando bem claro a missão de evangelizar que nós,cristãos, seus seguidores, devemos assumir. Ainda nesse momento, Jesus garante o poder àqueles que darão continuidade ao seu ministério quando diz que terão o poder de perdoar os pecados.

Nessa passagem de Jesus no seio da Família de Nazaré e no meio do povo, há a revelação, por meio de suas obras e pregações, que é preciso atitude de mudança radical de vida para que haja a morte do homem velho, com seus pecados, para o surgimento de uma vida nova, em Cristo.

Publicado na Revista Igreja e Atualidades,
Edição de Abril 2015, da Arquidiocese de Aracaju

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